PRIMEIRA PARTE – A PROFISSÃO DA FÉ
Daremos mais um passo, uma pequena abordagem, no nosso CIC. Desta vez adentraremos na profissão de fé: primeira seção, a saber, “O homem é capaz de Deus” (1º cap.), abordando os parágrafos 26 a 35. No próximo passo, semana que vem, abordaremos a segunda parte deste primeiro capítulo, com os parágrafos 36 a 49.
PRIMEIRA SEÇÃO – “EU CREIO”, “NÓS CREMOS” (§26)
Quando professamos a nossa fé, dizemos: Creio ou Cremos. Pois, a fé é a resposta do homem a Deus, que a ele Se revela e Se oferece, resposta que, ao mesmo tempo, traz uma luz superabundante ao homem que busca o sentido último da sua vida.
CAPÍTULO PRIMEIRO – O HOMEM É CAPAZ DE DEUS
I. O desejo de Deus (§§27-30)
O homem é, por natureza e vocação, um ser religioso. Vindo de Deus e caminhando para Deus, o homem não vive uma vida plenamente humana senão na medida em que livremente viver a sua relação com Deus. O desejo de Deus é um sentimento inscrito no coração do homem, porque o homem foi criado por Deus e para Deus. Deus não cessa de atrair o homem para Si e só em Deus é que o homem encontra a verdade e a felicidade que procura sem descanso. Pois, de muitos modos, na sua história e até hoje, os homens exprimiram a sua busca de Deus em crenças e comportamentos religiosos (orações, sacrifícios, cultos, meditações, etc). Em suma, podemos chamar ao homem um ser religioso: mas esta relação íntima e vital que une o homem a Deus pode ser esquecida, desconhecida e até explicitamente rejeitada pelo homem. Tais atitudes podem ter origens diversas: a revolta contra o mal existente no mundo, a ignorância ou a indiferença religiosas, as preocupações do mundo e das riquezas, o mau exemplo dos crentes, as correntes de pensamento hostis à religião e, finalmente, a atitude do homem pecador que, por medo, se esconde de Deus e foge quando Ele o chama. Porém, se o homem pode esquecer ou rejeitar Deus, Deus é que nunca deixa de chamar todo o homem a que O procure, para que encontre a vida e a felicidade. Mas esta busca exige do homem todo o esforço da sua inteligência, a retidão da sua vontade, um coração reto, e também o testemunho de outros que o ensinam a procurar Deus.
II. Os caminhos de acesso ao conhecimento de Deus (§§31-35)
Criado à imagem de Deus, chamado a conhecer e a amar a Deus, o homem que procura Deus descobre certos caminhos de acesso ao conhecimento de Deus. Estes caminhos para atingir Deus têm como ponto de partida criação: o mundo material e a pessoa humana. São:
O mundo: a partir do movimento e do devir, da contingência, da ordem e da beleza do mundo, pode-se chegar ao conhecimento de Deus como origem e fim do universo.
O homem: com a sua abertura à verdade e à beleza, com o seu sentido do bem moral, com a sua liberdade e a voz da sua consciência, com a sua ânsia de infinito e de felicidade, o homem interroga-se sobre a existência de Deus. Nestas aberturas, ele detecta sinais da sua alma espiritual. Gérmen de eternidade que traz em si mesmo, irredutível à simples matéria, a sua alma só em Deus pode ter origem.
O mundo e o homem atestam que não têm em si mesmos, nem o seu primeiro princípio, nem o seu fim último, mas que participam do Ser-em-si, sem princípio nem fim. Assim, por estes diversos caminhos, o homem pode ter acesso ao conhecimento da existência duma realidade que é a causa primeira e o fim último de tudo, e a que todos chamam Deus.
Diac. Ueslei Vaz Aredes[1]
[1] Seminarista da Diocese de Itumbiara, no 4º ano de Teologia no IFTSC.