Publicado em Ano da Fé, Catecismo da Igreja Católica, Magistério da Igreja

O HOMEM É CAPAZ DE DEUS (I) – SÍNTESE DOS §§ 26-35 DO CIC

PRIMEIRA PARTE – A PROFISSÃO DA FÉ

Daremos mais um passo, uma pequena abordagem, no nosso CIC. Desta vez adentraremos na profissão de fé: primeira seção, a saber, “O homem é capaz de Deus” (1º cap.), abordando os parágrafos 26 a 35. No próximo passo, semana que vem, abordaremos a segunda parte deste primeiro capítulo, com os parágrafos 36 a 49.

 

PRIMEIRA SEÇÃO – “EU CREIO”, “NÓS CREMOS” (§26)

Quando professamos a nossa fé, dizemos: Creio ou Cremos. Pois, a fé é a resposta do homem a Deus, que a ele Se revela e Se oferece, resposta que, ao mesmo tempo, traz uma luz superabundante ao homem que busca o sentido último da sua vida.

 

CAPÍTULO PRIMEIRO – O HOMEM É CAPAZ DE DEUS

I. O desejo de Deus (§§27-30)

O homem é, por natureza e vocação, um ser religioso. Vindo de Deus e caminhando para Deus, o homem não vive uma vida plenamente humana senão na medida em que livremente viver a sua relação com Deus. O desejo de Deus é um sentimento inscrito no coração do homem, porque o homem foi criado por Deus e para Deus. Deus não cessa de atrair o homem para Si e só em Deus é que o homem encontra a verdade e a felicidade que procura sem descanso. Pois, de muitos modos, na sua história e até hoje, os homens exprimiram a sua busca de Deus em crenças e comportamentos religiosos (orações, sacrifícios, cultos, meditações, etc). Em suma, podemos chamar ao homem um ser religioso: mas esta relação íntima e vital que une o homem a Deus pode ser esquecida, desconhecida e até explicitamente rejeitada pelo homem. Tais atitudes podem ter origens diversas: a revolta contra o mal existente no mundo, a ignorância ou a indiferença religiosas, as preocupações do mundo e das riquezas, o mau exemplo dos crentes, as correntes de pensamento hostis à religião e, finalmente, a atitude do homem pecador que, por medo, se esconde de Deus e foge quando Ele o chama. Porém, se o homem pode esquecer ou rejeitar Deus, Deus é que nunca deixa de chamar todo o homem a que O procure, para que encontre a vida e a felicidade. Mas esta busca exige do homem todo o esforço da sua inteligência, a retidão da sua vontade, um coração reto, e também o testemunho de outros que o ensinam a procurar Deus.

II. Os caminhos de acesso ao conhecimento de Deus (§§31-35)

Criado à imagem de Deus, chamado a conhecer e a amar a Deus, o homem que procura Deus descobre certos caminhos de acesso ao conhecimento de Deus. Estes caminhos para atingir Deus têm como ponto de partida criação: o mundo material e a pessoa humana. São:

O mundo: a partir do movimento e do devir, da contingência, da ordem e da beleza do mundo, pode-se chegar ao conhecimento de Deus como origem e fim do universo.

O homem: com a sua abertura à verdade e à beleza, com o seu sentido do bem moral, com a sua liberdade e a voz da sua consciência, com a sua ânsia de infinito e de felicidade, o homem interroga-se sobre a existência de Deus. Nestas aberturas, ele detecta sinais da sua alma espiritual. Gérmen de eternidade que traz em si mesmo, irredutível à simples matéria, a sua alma só em Deus pode ter origem.

O mundo e o homem atestam que não têm em si mesmos, nem o seu primeiro princípio, nem o seu fim último, mas que participam do Ser-em-si, sem princípio nem fim. Assim, por estes diversos caminhos, o homem pode ter acesso ao conhecimento da existência duma realidade que é a causa primeira e o fim último de tudo, e a que todos chamam Deus.

Diac. Ueslei Vaz Aredes[1]


[1] Seminarista da Diocese de Itumbiara, no 4º ano de Teologia no IFTSC.

Publicado em Ano da Fé, Cristologia, Magistério da Igreja, Teologia, Trindade

INTRODUÇÃO À PRIMEIRA PARTE DO CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA (CIC)

ImagePretendemos fazer um caminho pedagógico semelhante a uma escola da fé. Nada mais justo que começar com a origem e a profissão da fé. Adentraremos na primeira parte do nosso catecismo: a “profissão da fé”. Exploraremos os primeiros concílios ecumênicos de caráter cristológico e trinitário, no qual foi discutido sobre a divindade e a humanidade de Jesus e sobre as três pessoas da Santíssima Trindade: um único Deus em três Pessoas, a saber, uma única essência em três Pessoas Distintas.

Constataremos que as dúvidas de fé dos primórdios eram semelhantes as nossas. Destarte, afirma Santo Agostinho: “devemos compreender para crer e crer para compreender”. Portanto, vamos buscar dar razões de nossa fé. Jamais esquecendo que a razão e a fé devem caminhar e estar completamente unidas: semelhante aos nossos pulmões ou semelhante às duas asas dum pássaro.

De início é necessário lembrar que a “profissão de fé” (o creio ou credo), é dividida em quatro partes. Quando professamos nossa fé nos domingos e solenidades afirmamos que cremos em: 1) Deus Pai Todo-Poderoso, 2) Jesus Cristo Salvador, seu único Filho – e que não teve irmãos uterinos ou sanguíneos, 3) no Espírito Santo e 4) na Igreja Una, Santa, Apostólica e Católica.

A parte: “profissão da fé” do Catecismo da Igreja Católica (CIC) inicia-se no parágrafo 26 e vai até o parágrafo 1065 do mesmo. Em suma, é uma parte completamente dogmática, cristológica, antropológica e eclesiológica.

Do parágrafo 26 ao 66 o CIC destaca dois movimentos, a saber, um imanente-antropológico no qual “o homem é ‘capaz’ de Deus” e outro transcendente-cristológico: “Deus vem ao encontro do homem”. Apresentaremos estes dois movimentos no próximo texto.

Diácono Ueslei Vaz Aredes[1]


[1] Seminarista da Diocese de Itumbiara, no 4º ano de teologia.

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Resenha da Exortação Apostólica Pós-sinodal Pastores Dabo Vobis

A exortação apostólica pós-sinodal foi publicada em 25 de março, Solenidade da Anunciação do senhor, do ano de 1992, no décimo quarto ano do Pontificado de João Paulo II, e tem por base a promessa do Senhor que não deixará seu povo privado de pastores que o reúnam e guiem (Cf. Jr 23,4).

A obra está escrita em seis partes em que se encontram importantes temas como, respectivamente: a formação sacerdotal perante os desafios do final do segundo milênio; a natureza e missão do sacerdócio ministerial; a vida espiritual do sacerdote; a vocação sacerdotal na pastoral da Igreja; a formação dos candidatos ao sacerdócio; e a formação permanente do sacerdócio.

Os sacerdotes são homens como outros quaisquer, escolhidos por Deus para anunciarem autenticamente o Evangelho de Cristo, evitando uma religiosidade sem Deus. Apesar de vivermos numa sociedade de consumo, o que fascina fortemente os jovens e dificulta o discernimento destes ao sacerdócio, verifica-se que não faltam situações e estímulos que suscitam e alimentam em seus corações novas disponibilidades ao dom total de si a Cristo e à Igreja, tornando mais explícita, em muitos deles, a questão religiosa e a necessidade de espiritualidade. Agora, como formar sacerdotes que estejam verdadeiramente à altura destes tempos, capazes de evangelizar o mundo de hoje? A Igreja sente que pode enfrentar as dificuldades e garantir servidores fiéis e generosos de Jesus Cristo e dos homens.

A melhor forma de desenvolver a promoção e o discernimento vocacional é o conhecimento da natureza e da missão do sacerdócio ministerial, o qual encontra sua fonte na Santíssima Trindade e se prolonga na união com Deus e com todo o gênero humano. Jesus Cristo é o Sumo Sacerdote da nova aliança, que veio, não para ser servido, mas para servir, e que chama novos presbíteros para prolongar Sua presença no mundo, dando testemunho de fidelidade e de amor generoso, em comunhão hierárquica com o próprio bispo.

Como se tornaram instrumentos vivos de Cristo, os sacerdotes precisam se deixar guiar pelo Espírito Santo em ordem à santidade e à perfeição da caridade, próprios do comportamento de Jesus. Essa caridade pastoral deve determinar todo o modo de pensar e de agir do presbítero e unificar todas as suas atividades, orientando-os para viver os Conselhos Evangélicos da obediência, pobreza e castidade, por uma livre e amorosa decisão. Assim, cada sacerdote deve procurar se santificar para ajudar aos irmãos a seguir a sua vocação à santidade.

A Igreja tem a missão de cuidar do nascimento, discernimento e acompanhamento das vocações cristãs, principalmente da sacerdotal, a qual é um dom destinado à edificação da própria Igreja e ao crescimento do Reino de Deus no mundo. Toda vocação sacerdotal é um dialogo entre o amor de Deus que chama e a liberdade do homem que, no amor, responde a Deus, ou seja, é um dom da graça divina, que deve ser cuidada numa firme e persuasiva proposta de direção espiritual, educando os candidatos a um verdadeiro compromisso de serviço gratuito para o sacrifício e para a doação total de si mesmo.

O tempo de formação ao sacerdócio é destinado a desenvolver no candidato um relacionamento de comunhão e de amizade profunda com o Senhor. Esta formação deve iniciar-se no seminário, que deve ser considerado como uma verdadeira família que vive na alegria, e permanecer por toda a vida, afim de que os seminaristas sejam habituados a escutar a voz de Deus que lhes fala no íntimo do coração e a aderir com amor e firmeza à sua vontade, por meio da leitura meditada e orante da Palavra de Deus diariamente. Os estudos acadêmicos servem para ajudar os candidatos a desenvolverem uma consciência reflexiva (filosofia) e levá-los a possuírem uma visão das verdades reveladas por Deus (teologia), destinando-os sempre a comungar da caridade de Cristo.

Ao longo dos anos, o sacerdote deve passar por um processo de contínua conversão, sempre radicada e vivificada na fidelidade ao ministério sacerdotal com ênfase na caridade pastoral, a fim de gerar o Cristo nele e nos outros, fazendo com que o padre seja um crente e se torne sempre mais crente. O primeiro responsável por essa formação é o próprio padre, depois a Igreja particular, a família e, por fim, a própria comunidade. Tudo para manter a “juventude” de espírito que há dentro de cada sacerdote.

A forma abordada por João Paulo II instiga o leitor a seguir com mais fervor sua vocação, relembrando como é importante o ministério sacerdotal para o mundo e o quanto a Igreja se preocupa com o bem estar de cada um, principalmente, de cada sacerdote, que faz uma doação total de si. Este documento é recomendado para todos os sacerdotes, religiosos, missionários e para os candidatos à vida sacerdotal e religiosa, para que se empenhem mais na doação de si aos serviços do próximo. Também aos leigos que queiram ajudar mais os párocos de suas cidades. Principalmente, essa obra é de grande relevância para as casas de formação de sacerdotes, que devem formar pastores segundo o coração de Jesus.

O Papa João Paulo II é polonês e foi considerado um dos líderes mais aclamados do século XX. Visitou 129 países durante seu pontificado, o que lhe deu o título de papa mais popular da História. Faleceu em 02 de Abril de 2005 devido a sua saúde débil e o agravamento da doença de Parkinson. Em 19 de dezembro de 2009 foi proclamado “Venerável” pelo seu sucessor o Papa Bento XVI, e em 01 de maio de 2011 proclamado “Beato”.

Cláudio José de Carvalho[1]


[1] Seminarista da Diocese de Itumbiara, no 2º ano de Filosofia do IFTSC.

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Síntese dos nn. 1 a 17 do Catecismo da Igreja Católica

Introdução do Catecismo da Igreja Católica

I – A Vida do Homem Conhecer e Amar a Deus: 1) Desde sempre e em todo lugar, Deus, que criou o homem, está perto dele. Chama-o e ajuda-o a procurá-lo, a conhecê-lo e a amá-lo com todas as suas forças. Convoca todos os homens, dispersos pelo pecado, para a unidade de sua família, a Igreja.

2) A fim de que este chamado ressoe pela terra inteira, Cristo enviou os apóstolos que escolhera, dando-lhes o mandato de anunciar o Evangelho: Ide, fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei. E eis que eu estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos (Mt 28,19-20).

3) Os que com a ajuda de Deus acolheram o chamado de Cristo e lhe responderam livremente foram por sua vez impulsionados pelo amor de Cristo a anunciar por todas as partes do mundo a Boa Notícia. Este tesouro recebido dos apóstolos foi guardado fielmente por seus sucessores. Todos os fiéis de Cristo são chamados a transmiti-lo de geração em geração, anunciando a fé, vivendo-a na partilha fraterna e celebrando-a na liturgia e na oração.

II. Transmitir a fé – a catequese: 4) Bem cedo passou-se a chamar de catequese o conjunto de esforços empreendidos na Igreja para fazer discípulos, para ajudar os homens a crerem que Jesus é o Filho de Deus, a fim de que, por meio da fé, tenham a vida em nome dele, para educá-los e instruí-los nesta vida, e assim construir o Corpo de Cristo.

5) A catequese é uma educação da fé das crianças, dos jovens e dos adultos, a qual compreende especialmente um ensino da doutrina cristã, dado em geral de maneira orgânica e sistemática, com o fim de os iniciar na plenitude da vida cristã.

7) A catequese anda intimamente ligada com toda a vida da Igreja. Não é somente a extensão geográfica e o aumento numérico, mas também e mais ainda o crescimento interior da Igreja, sua correspondência ao desígnio de Deus que dependem da catequese mesma.

III. O objetivo e os destinatários: 11) O presente Catecismo tem por objetivo apresentar uma exposição orgânica e sintética dos conteúdos essenciais e fundamentais da doutrina católica tanto sobre a fé como sobre a moral, à luz do Concílio Vaticano II e do conjunto da Tradição da Igreja. Suas fontes principais são a Sagrada Escritura, os Santos Padres, a Liturgia e o Magistério da Igreja. Destina-se ele a servir como um ponto de referência para os catecismos ou compêndios que são elaborados nos diversos países.

12) O presente Catecismo é destinado principalmente aos responsáveis pela catequese: em primeiro lugar aos Bispos, como doutores da fé e pastores da Igreja. É oferecido a eles como instrumento no cumprimento de seu ofício de ensinar o Povo de Deus. Por meio dos Bispos, ele se destina aos redatores de catecismos, aos presbíteros e aos catequistas. Será também útil para a leitura de todos os demais fiéis cristãos.

IV. A estrutura deste catecismo: 13) O projeto deste Catecismo inspira-se na grande tradição dos catecismos que articulam a catequese em tomo de quatro pilares: a profissão da fé batismal (o Símbolo), os sacramentos da fé, a vida de fé (os Mandamentos), a oração do crente (o Pai-Nosso).

A Profissão da Fé: 14) Os que pela fé e pelo Batismo pertencem a Cristo devem confessar sua fé batismal diante dos homens. Por isso, o Catecismo começa por expor em que consiste a Revelação, pela qual Deus se dirige e se doa ao homem, bem como a fé, pela qual o homem responde a Deus (Seção 1). O Símbolo da fé resume os dons que Deus outorga ao homem como Autor de todo bem, como Redentor, como Santificador, e os articula em tomo dos três capítulos de nosso Batismo a fé em um só Deus: o Pai Todo-Poderoso, o Criador, Jesus Cristo, seu Filho, nosso Senhor e Salvador, e o Espírito Santo, na Santa Igreja (Seção II).

Os Sacramentos de Fé: 15) A segunda parte do Catecismo expõe como a salvação de Deus, realizada uma vez por todas por Cristo Jesus e pelo Espírito Santo, se toma presente nas ações sagradas da liturgia da Igreja (Seção 1), particularmente nos sete sacramentos (Seção II).

A Vida da Fé: 16) A terceira parte do Catecismo apresenta o fim último do homem, criado à imagem de Deus: a bem-aventurança e os caminhos para chegar a ela: mediante um agir reto e livre, com a ajuda da fé e da graça de Deus (Seção I), por meio de um agir que realiza o duplo mandamento da caridade, desdobrado nos dez Mandamentos de Deus (Seção II).

A Oração na Vida da Fé: 17) A última parte do Catecismo trata do sentido e da importância da oração na vida dos crentes (Seção 1). Ela termina com um breve comentário sobre os setes pedidos da oração (Seção II). Com efeito, nesses sete pedidos encontramos o conjunto dos bens que devemos esperar e que nosso Pai celeste quer conceder-nos.

Diácono Ueslei Vaz Aredes[1]


[1] Seminarista da Diocese de Itumbiara, no 4º ano de Teologia no IFTSC.

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Síntese da Constituição Apostólica Fidei Depositum

Crucificação de São Pedro, afresco da Capela Paulina, no Vaticano

Celebrando os 50 anos do Concílio Vaticano II:  uma aproximação do Catecismo da Igreja Católica

O novo catecismo foi promulgado, como magistério autêntico, no dia 15 de agosto de 1997, pelo papa João Paulo II, quase 5 anos após a constituição apostólica Fidei Depositum. Celebrando os 50 anos de abertura do Concílio Vaticano II, no próximo 11 de outubro – quando iniciar-se-á o “Ano da Fé” proclamado pelo Santo Padre Bento XVI – postamos hoje uma síntese da Constituição Apostólica que publica o Catecismo e, na próxima semana, uma breve introdução ao mesmo.

 

Constituição Apostólica Fidei Depositum

Guardar o Depósito da Fé é missão que o Senhor confiou à sua Igreja e que ela cumpre em todos os tempos. O Concílio Ecumênico Vaticano II, tinha como intenção e finalidade pôr em evidência a missão apostólica e pastoral da Igreja, e, fazendo resplandecer a verdade do Evangelho, levar todos os homens a procurarem e acolherem o amor de Cristo que excede toda a ciência.

Portanto, foi necessário um catecismo que apresentasse, com fidelidade e de modo orgânico, o ensinamento da Sagrada Escritura, da Tradição viva na Igreja e do Magistério autêntico, bem como a herança espiritual dos Padres, dos Santos e das Santas da Igreja, para permitir conhecer melhor o mistério cristão e reavivar a fé do povo de Deus. Deve ter em conta as explicitações da doutrina que, no decurso dos tempos, o Espírito Santo sugeriu à Igreja.

Também necessário que ajude a iluminar, com a luz da fé, as novas situações e os problemas que ainda não tinham surgido no passado.

O Catecismo da Igreja Católica retoma a antiga ordem já seguida pelo Catecismo de São Pio V, articulando o conteúdo em quatro partes: o Credo; a sagrada Liturgia, com os sacramentos em primeiro plano; o agir cristão, exposto a partir dos mandamentos; e, por fim, a oração cristã.

As quatro partes estão ligadas entre si: o mistério cristão é o objeto da fé (I parte); é celebrado e comunicado nos atos litúrgicos (II parte); está presente para iluminar e amparar os filhos de Deus no seu agir (III parte); funda a nossa oração, cuja expressão privilegiada é o Pai-Nosso, e constitui o objeto da nossa súplica, do nosso louvor e da nossa intercessão (IV parte).

Lendo o Catecismo da Igreja Católica, pode-se captar a maravilhosa unidade do mistério de Deus, do seu desígnio de salvação, bem como a centralidade de Jesus Cristo, o Filho Unigênito de Deus, enviado pelo Pai, feito homem no seio da Santíssima Virgem Maria por obra do Espírito Santo, para ser o nosso Salvador. Morto e ressuscitado, ele está sempre presente na sua Igreja, particularmente nos sacramentos; ele é a fonte da fé, o modelo do agir cristão e o Mestre da nossa oração.

O Catecismo da Igreja Católica é uma exposição da fé da Igreja e da doutrina católica, testemunhadas ou iluminadas pela Sagrada Escritura, pela Tradição apostólica e pelo Magistério da Igreja. Vejo-o como um instrumento válido e legítimo a serviço da comunhão eclesial e como uma norma segura para o ensino da fé. Sirva ele para a renovação, à qual o Espírito Santo chama incessantemente a Igreja de Deus.

A aprovação e a publicação do “Catecismo da Igreja Católica” constituem um serviço que o Sucessor de Pedro quer prestar à Santa Igreja Católica, a todas as Igrejas particulares em paz e em comunhão com a Sé Apostólica de Roma: o serviço de sustentar e confirmar a fé de todos os discípulos do Senhor Jesus, como também de reforçar os laços da unidade na mesma fé apostólica.

Este Catecismo não se destina a substituir os Catecismos locais devidamente aprovados pelas autoridades eclesiásticas, os Bispos diocesanos e as Conferências Episcopais, sobretudo se receberam a aprovação da Sé Apostólica. Destina-se a encorajar e ajudar a redação de novos catecismos locais, que tenham em conta as diversas situações e culturas, mas que conservam cuidadosamente a unidade da fé e a fidelidade à doutrina católica.

 

 Diácono Ueslei Vaz Aredes[1]


[1] Seminarista da Diocese de Itumbiara, no 4º ano de Teologia no IFTSC.

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Porta da fé: Sinopse da Carta Apostólica “Porta Fidei”

Através da Carta Apostólica Porta Fidei, o Santo Padre o Papa Bento XVI proclama o Ano da Fé. Este terá início no dia 11 de outubro de 2012, data em que a Igreja comemora o Jubileu de Abertura do Concílio Vaticano II e os vinte anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica.

“A PORTA DA FÉ, que introduz na vida de comunhão com Deus e permite a entrada na sua Igreja, está sempre aberta para nós”. Somos convidados, através do anúncio da Palavra, a uma caminhada de fé que perpassa toda nossa vida, do Batismo até nossa morte.

O Santo Padre nos lembra que a Igreja tem a missão de conduzir o homem para Deus, onde há “vida em plenitude”. Enquanto uma crise de fé assola vários campos da sociedade, a Igreja, em torno de seus pastores, é chamada a assumir sua função de ser sal e luz no mundo, iluminando e conduzindo o povo a Cristo. Nele se faz a experiência da samaritana junto à fonte de água viva, que resgata o sabor do Deus que dá sentido as nossas vidas através da FÉ em Jesus Cristo, nossa salvação.

Celebrar a abertura do Ano da Fé no dia da comemoração do jubileu do Vaticano II aguça nossa sensibilidade para o fato de que este é um vigente instrumento de orientação e renovação da Igreja. No entanto, a Igreja também se renova pelo testemunho daqueles que crêem. Pelo testemunho da Fé, cada cristão é convidado a ser testemunha do Evangelho de Jesus. O Ano da Fé é, dessa forma, um convite a nos voltarmos para o Senhor que nos salva por amor, chamando-nos à conversão, a uma vida nova, segundo São Paulo. Vida pautada em Cristo, pela Fé, por meio da ação do Espírito Santo que, no amor de Jesus nos impele a evangelização. Nesse amor assumimos um compromisso missionário porque cremos e aumentamos nossa fé vivendo-a, exercitando-a.

Assim, o Santo Padre Bento XVI nos convida a vivenciarmos “este ano de forma digna e fecunda”. Ele nos pede uma reflexão intensa sobre a fé para que aqueles que crêem em Jesus tenham consciência e novo ânimo na “adesão ao Evangelho”, a fim de propagar com credibilidade uma Fé “professada, celebrada, vivida e rezada”.

Nesse contexto o Papa nos oferece um caminho para compreendermos melhor “os conteúdos da fé” e o ato pelo qual nos entregamos inteiramente a Deus. Cremos com o coração e professamos nossa fé com palavras e ações. Por isso, a fé não é um fato puramente particular, trata-se também de assumir uma “responsabilidade social daquilo que se acredita”. É um “ato pessoal e comunitário”. Portanto, é na Igreja, “primeiro sujeito da fé”, que assumimos e vivemos a fé, através do Batismo.

O Catecismo da Igreja Católica é um instrumento fundamental “para chegar a um conhecimento sistemático da fé”. A partir desse pensamento, o Ano da Fé deverá suscitar um grande esforço “em prol da redescoberta e do estudo dos conteúdos fundamentais da fé, que tem no Catecismo da Igreja Católica a sua síntese sistemática e orgânica”. O Catecismo traz a história da Fé da Igreja. Nele encontramos a vivência da fé em Jesus Cristo expressas também na liturgia e nos sacramentos.

Quando hoje, mais intensamente do que em outros momentos da história, a fé é questionada por um pensamento que reduz as certezas racionais a “conquistas científicas e tecnológicas”, a Igreja não se intimida e mostra que fé e ciência, ambas, apontam para a verdade, seguindo “caminhos diferentes”. Será fundamental, neste Ano da Fé, resgatar a “história da nossa fé” que entrelaça santidade e pecado. Ao longo dessa história encontramos tantos crentes que viveram um profundo testemunho de Fé, arraigada no próprio Cristo. Maria, os Apóstolos, os discípulos (primeira comunidade cristã), os mártires, os santos, consagrados e consagradas pela Vida religiosa, cristãos comprometidos e testemunhas presentes nas diversas esferas sociais, até chegarmos a nós.

No Ano da Fé também somos chamados a intensificar “o testemunho da caridade”, que se dá concomitantemente à Fé. Esta, “sem a caridade não dá fruto, e a caridade sem a fé seria um sentimento constantemente a mercê da dúvida”. Pela fé estreitamos nossa relação com Jesus e, atentos aos sinais dos tempos, somos chamados a nos tornarmos, no mundo, sinais e testemunhas do Cristo Ressuscitado.

Renato Eduardo[1]


[1] Seminarista da Arquidiocese de Goiânia, no 1º ano de Teologia no IFTSC